Sobre nós
Um século de mobiliário brasileiro forma a Coleção de Design. Com seu trabalho pioneiro de reedições, a ETEL dá nova luz a desenhos primorosos da produção moderna no Brasil, descoberta tardiamente e hoje considerada uma das mais relevantes do período no mundo. Uma produção caracterizada pelo fazer artesanal e o uso de matérias-primas preciosas, criada por arquitetos e artistas empenhados em evidenciar a cultura local sob a influência das vanguardas internacionais. O resgate é baseado em metodologia rigorosa, fidelidade aos originais e intenso diálogo com institutos e famílias que representam as obras. Compõem a coleção, curada por Lissa Carmona, peças de Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Jorge Zalszupin, Sergio Rodrigues, Oswaldo Bratke, Branco & Preto e Giuseppe Scapinelli, entre outros. A continuidade do legado moderno se dá por preeminentes criadores contemporâneos, entre eles Isay Weinfeld, Arthur de Mattos Casas, Claudia Moreira Salles, Carlos Motta, Etel Carmona, Lia Siqueira e Dado Castello Branco.
Alta-costura do móvel brasileiro
Confecção impecável do melhor do design moderno e contemporâneo brasileiro. Essa é a ETEL, uma marca difundida pelos principais mercados do mundo, cuja essência encontra-se desde 1993 no interior de São Paulo, em uma marcenaria portentosa. Nela, artesãos habilidosos utilizam técnicas milenares e profunda intimidade com as madeiras nativas brasileiras para dar vida desenhos celebrados internacionalmente. Os móveis se materializam em um processo lento e cuidadoso, em espécies raras e certificadas da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica, resgatadas ou produzidas com certificação do FSC.
Design Moderno
O design de móveis do período tem origem no pensamento multidisciplinar comum aos modernistas, inspirados pela adequação necessária a uma nova arquitetura. Depois disso, esta magnífica produção esteve oculta por algumas décadas até mesmo para o público interno. Hoje, tem encantado especialistas de todo o mundo. De certa forma, este é o efeito de um tesouro tardiamente revelado; curiosamente, com uma estética ao mesmo tempo familiar e original. Afinal, junto ao desejo fundador de nosso modernismo de estabelecer representações próprias e legítimas para a cultura brasileira, sempre esteve a influência direta das vanguardas internacionais, e ele se desenvolveu nesta lógica “antropofágica”. Algo que a presença de estrangeiros de origens diversas entre seus protagonistas não impediu, pelo contrário, permitindo assimilar uma diversidade de percepções sobre aquela nova identidade em construção.
Mais de 50 anos se passaram desde o apogeu criativo e comercial do móvel moderno no Brasil.
Produzido inicialmente por artistas e arquitetos, o design de móveis do período tem origem no pensamento multidisciplinar comum aos modernistas, inspirados pela adequação necessária a uma nova arquitetura e, mais que isso, a uma nova visão de mundo que se consolidava e precisava ser refletida também nos ambientes públicos e domésticos. Observado este contexto com o devido distanciamento histórico, a análise mais realista, interessante e mesmo comovente do tema nos conduz às trajetórias pessoais dos designers que nos deixaram este patrimônio material. Homens e mulheres de seu tempo, cada qual com sua inserção específica na atividade, com suas formas de lidar com todo este contexto – bem mais complexo e cheio de matizes quando se trata da vida vivida –, com sua capacidade empreendedora, suas reflexões e seu vigor criativo. Alguns com contribuições pontuais, outros com uma vida dedicada ao mobiliário, estendendo a produção “moderna” até dias recentes. Histórias que se cruzam, se integram e se diferenciam, nos permitindo uma visão ainda mais inspiradora sobre o conjunto de sua obra.
Design Contemporâneo
Após um período de desaceleração da produção de móveis no Brasil, decorrente do desgaste econômico e cultural dos últimos anos da ditadura militar, o fim dos anos 1980 aponta novas vozes do design. A democracia volta a soprar, em 1988 uma nova constituição é criada, e um plano de estabilização da economia virá alguns anos depois. O momento coincide com as primeiras gerações de estudantes egressos de escolas específicas da disciplina do design, em São Paulo e outras capitais brasileiras, num movimento capitaneado pela ESDI – Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ - que trouxe para o Rio de Janeiro os preceitos funcionalistas da Escola de Design de Ulm.
Apesar de haver iniciativas, elas eram esparsas e não foram suficientes para que a indústria brasileira pudesse absorver os profissionais recém-formados.
Muitos designers optaram, então, por trilhar um caminho solitário, buscando pequenos produtores e canais de venda, ou abrindo suas próprias empresas. Poucos, no entanto, deram continuidade ao sucesso de produções pontuais. A arquitetura, por outro lado, encontrou meios de se desenvolver, devido às raízes mais fortes deixadas pelos arquitetos modernos e sua atuação não apenas prática, mas teórica e crítica.
O caminho tortuoso do desenvolvimento do design no Brasil, todavia, refletiu de forma positiva na arte. A independência do mercado permitiu aos designers uma diversidade de caminhos. Intensifica-se a busca de uma linguagem genuinamente brasileira, enraizada em nossa cultura mestiça. O leque empobrecido de materiais industrializados voltado para a fabricação do móvel foi também um fator decisivo da formação da primeira leva de designers contemporâneos. Alguns optaram pelo alicerce da marcenaria tradicional já explorada pelo móvel moderno, inscrevendo-se na linhagem que teve seu apogeu na década de 1950 – é o caso de Carlos Motta, Claudia Moreira Salles e Etel Carmona. Para outros, como os Irmãos Campana, a escassez impulsionou o gesto duchampiano de utilizar materiais triviais pré-fabricados, em uma estética do improviso e do aproveitamento, muito característica da cultura material brasileira. É notável também o resgate de tradições e matérias-primas vernaculares, por meio do trabalho conjunto entre designers e artesãos em todo o país, e o diálogo com as artes visuais. Outros autores de grande representatividade do design contemporâneo são os arquitetos brasileiros, autores de uma obra celebrada mundialmente, que concilia os ditames modernos com o conforto, a despretensão e a elegância fácil do traço.