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No dia 27 de fevereiro de 2021, Lucio Costa faz 119 anos

27/02

 

No dia 27 de fevereiro, Lucio Costa faz 119 anos.

 

Uso o verbo no presente porque ele continua entre nós. Seus pensamentos e obras são cada vez mais fundamentais e vivos no Brasil.

 

O professor Lucio, como muitos se referem, é um daqueles brasileiros que contribuíram para inventar e construir um país que se torna Moderno sem deixar de ser brasileiro.

 

Possuía um Norte interior.

 

Quando da inauguração do Espaço Lucio Costa, desenhado por Oscar Niemeyer, na praça dos Três Poderes em sua homenagem. No almoço, no belo jardim de Burle Max, no piso superior do Palácio do Itamaraty, disse ao presidente Fernando Collor de Melo: “... ao voltar a Brasília e vê-la construída, com tanta vida, gostaria de lembrá-lo que o Brasil não tem vocação para mediocridade...” em seguida, com 90 anos, declamou de memória uma poesia.

 

Este era o professor Lucio, um homem feito de cristal e aço, parafraseando seu amigo Flavio Motta. Um sábio, capaz de sintetizar em uma frase ou em um traço, os anseios de um povo.

 

Aos estudantes e, não só a eles, mas a todos que se interesse por arquitetura, sugiro ter como livro de cabeceira “Registro de uma Vivencia”, obra desenhada e escrita por ele. Como ele desejava, pode-se abrir fora de ordem, em qualquer capitulo, e por certo entendermos o sentido profundo do oficio do arquiteto, sua dimensão estética social e uma etapa importante da nossa historia.

 

Parte do seu acervo está no Instituto Tom Jobim, acomodado em um container, gentilmente cedido por Paulo Jobim. Continuamos buscando um local próprio para instalar seus arquivos, escritos e desenhos. Acreditamos ser de muita importância, favorecer a visitação permanente de estudantes, pesquisadores e do publico ao seu legado.

 

Lucio faz falta.

 

Neste Brasil sem projeto, sem leveza, por certo, ele nos iluminaria com seu humor inteligente, sua clareza e talvez repetisse a frase “profética”: “... O Brasil não tem vocação para a mediocridade”, como a nos pedir para que nunca esqueçamos esta vocação, mesmo em tempos de “homens sombrios” como o atual.

 

É na esperança de dias melhores que mantemos Lucio vivo. Seu espírito, pensamento, criatividade. Recuperar a memória, como a ETEL faz ao reeditar os móveis de designers modernistas, é essencial para preservar o Modernismo não apenas nas peças de mobiliário, mas também na arquitetura, na cultura e na arte.

 

Ciro Pirondi

Fevereiro/2021